A tempestade caia violentamente sobre a cidade, deixando as ruas desertas e cinzentas, sem qualquer sinal de vida. Escorria pelos cantos das guias, lavando o sangue das noites anteriores. A criatura estava à solta havia uma semana, e havia uma semana que uma grande parte da população havia se enfiado dentro de suas casas e não ousavam sair à noite. Uma noite de caçada, eles diziam, alguns outros chamavam de noite de sangue.
Mas para todos era a época em que a lua vermelha aparecia, e anunciava a chegada das criaturas obscuras. De fato, ninguém, pelo menos ninguém normal saia de sua residência. Portas eram trancadas com travas de prata e bronze, algumas temperadas à sal e outras com detalhes religiosos, qualquer coisa que desse alguma confiança de que estava tudo bem ajudaria.
Mas Myra não era normal. A garota de cabelos púrpuras carregava a espada presa na cintura enquanto caminhava pelo beco, sem qualquer preocupação exceto se a capa era grossa o suficiente para protege-la da chuva. Odiava ficar ensopada.
Ela saltitava entre as poças, esquivando delas como se dançasse por debaixo da chuva, sorridente como nunca. Havia muito tempo desde que havia caçado da última vez, e talvez a cidade a pagasse um bom preço pela cabeça da criatura. Conforme pulava, andava e corria entre as ruelas ela mirava um único local: A igreja.
Algumas pessoas eram idiotas suficiente para acreditar que estariam mais seguras lá dentro do que em suas próprias casas, outras simplesmente não tinham para onde ir e iam para lá. Mas o ponto era um só: A igreja era um belo banquete para um monstro como aquele, e Myra sabia disso. Era a escolha óbvia.
Logo a frente Myra encontrou uma janela e a porta dos fundos.
[[Janela]]
[[Porta]] Entrar pelo fundo pareceu mais assustador do que deveria. A porta estava trancada, obviamente. Mas nada que um simples selo mágico não resolvesse. Ela desenhou uma pequena runa com um giz e a tranca estourou baixinho, abrindo caminho. Do outro lado tudo estava escuro e ela se dirigiu rapidamente para o salão principal, onde se misturou com o grupo de reza.
Ajoelhou ao lado de alguns crentes e esperou. O clima era tenso, algumas pessoas estavam chorando e outras simplesmente esperando, alguns velhotes já haviam passado pela situação vezes o suficiente para não se abalar mais. Pena que seriam as vítimas aquele dia, Myra respirou fundo.
Ela já estava começando a ficar com sono quando o primeiro sinal aconteceu. O lustre, que levava velas munidas de mágica começou a falhar. Em seguida foram os candelabros pendurados à parede, e por último a lanterna sagrada no altar.
A caçadora apoiou a palma da mão sobre o punho de uma de suas espadas, deixando a lâmina pronta para deslizar.
O vidro da cúpula do teto estilhaçou em centenas de pedaços enquanto a criatura caia do alto, despencando mais de trinta metros de distância que haviam entre o chão e o teto, pousando no centro da igreja. Era um demônio, uma criatura feita de sombra e dor. Os membros longos, levemente retorcidos e estranhamente peludos lembravam um humanoide, mas o rosto era uma aberração aracnídea, com presas e veneno jorrando para fora da boca.
A igreja se encheu com gritos de desespero de dezenas de pessoas no andar de baixo, alguns gritando ordens estúpidas de correr e outros simplesmente disparando contra as portas, que estavam trancadas com magia. Myra não conseguia saber quem era mais idiota, mas tinha um trabalho a fazer e quanto antes o fizesse melhor seria.
Ela sacou a espada, deixando a lâmina pular para fora e avançou sem hesitar, pronta para retalhar o inimigo. Assim que o metal tocou a pele grossa da criatura ele atravessou por pouco, mas ficou preso no braço do monstro.
O demônio atacou por cima, lerdo o suficiente para Myra se esquivar, ela deixou o corpo inclinar para trás, o braço do monstro passou por cima. Continuando o movimento ela permitiu que as pernas seguissem o círculo, até que ela formou um giro e se pôs de pé em frente ao ser abominável.
Ela era muito mais móvel, apesar de ter noção da diferença de forças entre os dois. Toda vez que os ataques se aproximavam ela deixava o corpo inclinar para algum lado, tinha sido treinada para muito mais do que aquilo.
Precisou de mais alguns ataques, apenas o suficiente para ela alcançar o cabo da arma e puxar de volta para si, e então começou a revidar. A espada tentava penetrar a camada grossa de pele, e apesar de precisar de um pouco mais empenho ela começou a conseguir, fazendo sangue jorrar no chão diversas vezes, pintando ele de vermelho.
O monstro começou a recuar, até saltar para trás com um pulo longo, e então começou a correr. Não estava fugindo, estava indo se alimentar.
O terror ambulante saltou sobre uma criança indefesa, pronto para manda-la goela dentro. Myra tinha que escolher, ou salvar a criança ou acabar com a luta em um só movimento.
[[Lutar]]
[[Salvar]]
A garota correu e bateu o pé em uma das paredes da igreja, agarrando o para peito seguinte e se erguendo. Os dedos quase escorregaram pela pedra devido à chuva, mas em um breve momento de reflexo ela agarrou uma pedra, o suficiente para permitir que ela subisse e ficasse de frente para o vitral móvel. Empurrou o vidro para dentro e desceu para o segundo andar.
Ali em cima estava tudo vazio, não havia qualquer pessoa por quê todos estavam ocupados demais rezando no andar debaixo e nem sequer perceberam quando a garota entrou, provavelmente estavam nadando em pensamentos demais.
Myra se apoiou no corrimão e esperou.
Ela já estava começando a ficar com sono quando o primeiro sinal aconteceu. O lustre, que levava velas munidas de mágica começou a falhar. Em seguida foram os candelabros pendurados à parede, e por último a lanterna sagrada no altar.
A caçadora apoiou a palma da mão sobre o punho de uma de suas espadas, deixando a lâmina deslizar para fora e se preparou, erguendo a arma.
O vidro da cúpula do teto estilhaçou em centenas de pedaços enquanto a criatura caia do alto, despencando mais de trinta metros de distância que haviam entre o chão e o teto, pousando no centro da igreja. Era um demônio, uma criatura feita de sombra e dor. Os membros longos, levemente retorcidos e estranhamente peludos lembravam um humanoide, mas o rosto era uma aberração aracnídea, com presas e veneno jorrando para fora da boca.
A igreja se encheu com gritos de desespero de dezenas de pessoas no andar de baixo, alguns gritando ordens estúpidas de correr e outros simplesmente disparando contra as portas, que estavam trancadas com magia. Myra não conseguia saber quem era mais idiota, mas tinha um trabalho a fazer e quanto antes o fizesse melhor seria.
Ela deu um passo para trás e saltou, pisando no corrimão um momento antes de começar a despencar no ar. A lâmina desceu cortante, pronta para finalizar a briga em um só ataque. Os pés de Myra se encaixaram nas costas da criatura conforme o metal entrava por entre a espinha dorsal, enterrando a espada no meio de sangue e carne.
O impacto foi forte o suficiente para derrubar o demônio, e quebrar alguns ossos. Ela começou a puxar a espada de volta para si, mas antes que pudesse fazê-lo a cabeça monstruosa da criatura se virou, encarando Myra de volta. O ser hediondo começou a se erguer, os membros quebrados se realocaram, reajustando-se e adaptando o corpo na direção de Myra.
A garota saltou para trás, não teve tempo de recuperar a espada que estava presa no corpo da criatura, que não parecia nem mesmo ligar para o fato.
[[Correr]]
Assim que o demônio abocanhou a cabeça da criança ele começou a devorá-la, separando os membros e os mandando para dentro de seu corpo, Myra sabia que aquele era seu momento de vulnerabilidade, e se demorasse mais do que o necessário ele iria se erguer com muito mais força e então não haveria como acabar com a luta.
Enquanto tripas escorriam por cima dos dentes da criatura Myra brandiu a espada, projetando um movimento em semi-arco e decepando o demônio, deixando o corpo peludo e retorcido bater contra o chão. A espada ficou manchada de sangue, assim como sua roupa. Ela bufou e saiu dali, guardando a arma na cintura.
Na outra mão carregava o crânio do monstro aracnídeo. Seu prêmio e garantia de recompensa.
[[O Início da Noite]] Ela entrou na frente quando a garra desceu rasgando, cortou-a no pescoço, nos peitos e a lançou no chão, deixando-a sangrando. Jorrava para fora dela como uma torneira aberta, pingando líquido vermelho para todos os lados. Myra sabia que estava prestes a morrer.
Uma luz surgiu, vinda de uma janela. A explosão energética carbonizou o demônio em um só ataque, e Cas entrou, flutuando. Pousou um instante antes de chegar no corpo de Myra e ergueu uma mão sobre ela, deixando a luz fluir de seus pulsos até seus dedos, e por fim, curando a garota de cabelos roxos.
[[O Início da Noite]] - Filho da puta! – Ela praguejou, e começou a correr. Sabia que a criatura era absurdamente mais forte e ágil, além disso, tinha perdido sua espada, precisava dar um passo para trás e repensar sua estratégia. Movia-se com destreza e leveza, saltando por cima dos bancos enquanto a criatura disparava na sua direção, agora em quatro patas, correndo por cima por dos obstáculos desajeitadamente.
O monstro podia ser mais apto, mas a caçadora era mais esperta. Sacou um punhado de sal quando começou a perder espaço para o monstro, e lançou contra os olhos do monstro, por cima do ombro. O aracnídeo demoníaco começou a arder e berrar coisas inaudíveis de imediato. Ela correu contra uma pilastra que estava à sua frente, bateu o pé e deixou seu corpo girar por cima do monstro, fazendo um arco no ar.
Pousou atrás da presa e enquanto ela ainda ardia ao sal a garota de cabelos roxos mirou a espada e a recuperou, então se afastou mais uma vez enquanto o monstro se virava para ela, por um único instante antes de correr em outra direção. No primeiro momento ela deduziu que ele estava fugindo, mas não. Ele estava indo se alimentar.
Uma criança chorava à berros em um canto, escondida embaixo de um banco.
Aquela era a chance de terminar o combate, mas tinha que decidir. Não podia salvar a criança e matar o monstro ao mesmo tempo.
[[Salvar]]
[[Lutar]]